Resenha Crítica do filme “O Nome da Rosa”





Resenha Crítica do filme “O Nome da Rosa”


O Nome da Rosa é um filme baseado no romance de Umberto Eco o qual foi lançado em 1980. Tem como Título Original: Der Name Der Rose; Tempo de Duração: 130 minutos; Ano de Lançamento (Alemanha): 1986; Direção: Jean-Jacques Annaud; Como contexto histórico o filme apresenta a Baixa Idade Média (século XI ao XV) a qual é marcada pela desintegração do feudalismo e formação do capitalismo na Europa Ocidental.

O filme é uma narrativa da vida religiosa, do século XIV. A trama se dá em um mosteiro italiano, abrigo de uma imensa biblioteca formada por inúmeros livros e pergaminhos, que eram classificados como proibidos, onde poucos monges tinham acesso a eles, devido ao conteúdo de suas informações. Um monge franciscano (Sean Conery) chega ao mosteiro e faz com que muitas coisas sejam observadas na rotina do mosteiro, este fora designado para a investigação de diversas mortes que estavam acontecendo na instituição. As mortes eram muito semelhantes, as características sintomáticas comuns, eram dedos e línguas roxos, o que apontava evidencias de que as mortes eram causadas pelo mesmo motivo,era a leitura do livro envenenado, que fora escrito por Aristóteles e que exaltava a subliminaridade do riso, o que quebraria todo um alicerce dogmático que a igreja católica afirmava. O acesso a este livro era restrito, por ser considerado um ameaça ao segmento à doutrina cristã. A igreja defendia que a comédia proporcionava ao homem a falta de temor a Deus, e isso enfraqueceria as bases do poder da igreja sobre os cristãos.
A igreja guardara por muito tempo livros e escrituras, e não permitia em nenhuma circunstancia que os cristãos fossem detentores de determinados conhecimentos, para que não houvesse questionamento a respeito da doutrina e para garantir a existência dos fundamentos da religião. Quem questionasse ou fosse contra dos dogmas da igreja era severamente punido pela inquisição que fora criada para garantir que a igreja, que estreitava laços com o poder monárquico, permanecesse no topo da pirâmide socioeconômica da época.
O renascimento que iniciou-se na Europa no início do século XIV, mesmo período que transcorre o filme, atrita com a igreja. Enquanto movimento cultural, o renascimento resgata da antiguidade Greco-romana, os valores antropocêntricos e racionais, que apresentados se opunha ao teocêntrismo e ao dogmatismo medieval alicerçado e elevado pela igreja. Baseado na teoria renascentista o monge franciscano Willian de Braskerville, usava da ciência para solucionar os crimes do mosteiro e desagradava a santa inquisição na figura do inquisidor Bernardo Gui.
Foi através da ciência que diversos mistérios da igreja foram desvendados. O conhecimento que a igreja dotava, foi adquirido da razão e da lógica, e ciente do grande poder que a sabedoria pode oferecer a alguém, trancafiou-se muitos livros por muito tempo e junto com eles conhecimento, com o intuito de permitir que a sociedade leiga continuasse ignorante, pois isso seria mai rentável para a igreja.

As questões que orbitaram pela detenção do conhecimento, iam muito alem da obediência e do temor, chegam a questões mais ousadas e egoístas, de caráter social e econômico. O que se aprisionou por séculos nas bibliotecas eclesiásticas foi muito mais que livros, foram verdades, que possibilitariam ao povo da época “sair da escuridão”.
A razão e a ciência tiveram ascendência sobre a religião, pois através destas muito se foi revelado, inclusive o excessivo poderio da igreja, que contribuiu pra o misticismo e o embaraço do desenvolvimento intelectual de séculos de existência, regado por muita proibição, ignorância e sangue.

10 comentários:

Venho pesquisado informações sobre o filme , e gostaria de parabenizá-los pela ótima análise crítica , foi a melhor que encontrei até agora.(Bruna)

 

Muito bom! Foi uma ótima análise crítica, e o conhecimento sobre o filme foi bem abordado.

 

Fantástica, uma análise excelente com uma composição de palavras de se admirar.

 

Parabéns pela crítica ao filme. Muito Bom.😀

 

Ótimo! Realmente me ajudou muito.

 

Alguém sabe me dizer quais os elementos do filme

 

Alguém sabe me dizer quais os elementos do filme

 

Uma questão que aparece repetidamente é em relação ao título do livro/filme.

Por que o filme "O Nome da Rosa" possui este título?

A obra tem como cenário a Baixa Idade Média séculos (XIII -VV), com seus problemas teológicos; gnsiológicos e metafísicos...
Em um primeiro instante, podemos relacionar o título do filme "O Nome da Rosa" com a 'rosa' bondade e ascese religiosa;
ou, com a "flor" mulher/paixão que se manifesta entre os jovens na trama.
Todavia, uma análise filosófica revelará que o título do filme "O Nome da Rosa" de Umberto Eco; que nomina sua obra literária homônima, faz referência direta a uma grande questão de lógica discutida na Idade Média: os Universais. Embasadas nas ideias platônicas e, posteriormente em Aristóteles, (lógica); os Universais seriam entidades metafísicas; essências separadas das cousas individuais.
Mais especificamente, buscava-se compreender a relação entre as palavras e as coisas. A discussão volta-se para o questionamento: as palavras (universais) podem verdadeiramente nomear conceitos gerais; ou apenas algumas classes específicas de seres? E ainda: se captamos singularmente pelos sentidos por que as expressamos com palavras universais? Assim, nascem duas posições,1) a Realista que defende que os universais existen em si mesmo; por exemplo, a palavra "rosa" existe na realidade (flor/pessoa), e também no pensamento.
2) Nominalista para quem o nome "rosa" é apenas uma convenção; palavras sem existência real. Para além dos discursos serem entidades metafísicas, ou palavras vazias..., os Universais possibilitaram uma discussão em alto nível que levaram nos ao entendimento e desenvolvimento lógico-linguístico. Umberto Eco com o seu O Nome da Rosa, alude em bases linguísticas e semióticas uma investigação racional sobre o conhecimento humanístico/científico/racional que faz fortalecer a razão autônoma. Adelson Matias Souza é professor de filosofia no Ensino Médio público.

 

Postar um comentário